A Célula do PCP propõe medidas concretas

Defender a <em>Carris </em> pública

Os comunistas afirmam que «é necessário, urgente e possível, romper com os caminhos de destruição» da Carris, a começar por parar a ofensiva privatizadora contra a transportadora, os trabalhadores, os utentes e o interesse nacional.

A Carris tem hoje apenas 2800 tra­ba­lha­dores, mas não foi re­du­zido o nú­mero de ad­mi­nis­tra­dores

Hoje a Carris está em greve
Os tra­ba­lha­dores da Carris estão hoje, 20 de Abril, em greve, das 8 às 12 horas, anun­ciou a Festru/​CGTP-IN. A luta foi con­vo­cada de­pois da ad­mi­nis­tração ter en­cer­rado as ne­go­ci­a­ções di­rectas de re­visão do Acordo de Em­presa, im­pondo, por acto de gestão, uma ac­tu­a­li­zação sa­la­rial de 1,5 por cento e man­tendo um plano de re­es­tru­tu­ração que aponta para a re­dução dos postos de tra­balho e dos sa­lá­rios, «con­forme ori­en­ta­ções do Go­verno, ex­plicou a fe­de­ração.

A cé­lula do PCP na Carris, em co­mu­ni­cado de que abaixo se dá conta, de­nun­ciou a ofen­siva dos úl­timos três anos e apontou me­didas al­ter­na­tivas.
Em comunicado aos trabalhadores, distribuído desde dia 12 na empresa, a célula do PCP aponta «cinco medidas para a defesa imediata da Carris »:
- estabelecer um plano de acção, de curto, médio e longo prazo, que adapte a oferta da rede da Carris às alterações verificadas na procura e no sistema de transportes públicos de Lisboa e arredores;
- cumprir os direitos das organizações representativas dos trabalhadores, nomeadamente o direito de informação e negociação;
- nomear para o Conselho de Administração pessoas competentes e rigorosas, que pratiquem uma gestão transparente, com o objectivo de que a empresa garanta a melhoria quantitativa e qualitativa do transporte público;
- o Governo assumir a dívida que o Estado, único accionista da Carris , tem para com a empresa, dotando-a dos meios técnicos e financeiros necessários ao cumprimento das obrigações de serviço público a que por lei está obrigada;
- respeitar os direitos dos trabalhadores, aumentando os seus salários reais e mantendo os postos de trabalho.
A célula do PCP na Carris afirma que, hoje como no passado, a firmeza e a luta são o caminho certo para a defesa dos interesses dos trabalhadores e o futuro da empresa.

A ofen­siva

«De há três anos a esta parte que os conselhos de administração da Carris , nomeados tanto pelos governos do PSD/CDS-PP como do PS, vêm desenvolvendo, na sua acção quotidiana, uma fortíssima ofensiva com vista a criar condições para a entrega da empresa a grupos privados nacionais ou estrangeiros», acusam os trabalhadores comunistas, que apontam «quatro grandes eixos» deste ataque:
• Redução e degradação do serviço público prestado às populações, com vista a facilitar a aceitação pelos utentes da entrega da empresa aos privados;
• Feroz e antidemocrática ofensiva contra os trabalhadores, centrada numa significativa redução de postos de trabalho (particularmente nas áreas oficinais), na tentativa de retirada de direitos, na redução dos salários reais e na degradação acentuada das condições de trabalho;
• Segmentação da empresa em diversas uni­dades de ne­gó­cios , com a entrega de serviços estratégicos a privados (externalização), como sucedeu com a manutenção dos veículos e instalações, a área da informática ou a venda de títulos de transporte;
• Criação da Car­ristur (para a qual passaram todas as áreas rentáveis da Carris ) e da Car­risbus (para a qual foram contratados trabalhadores da área oficinal, sem vínculo ao AE da Carris , e que já fazem a manutenção de uma parte da frota de autocarros (o PCP nota que ambas as empresas funcionam em instalações da Carris , são-lhes prestados serviços por trabalhadores da Carris e é-lhes fornecido material comprado pela Carris , não se sabendo se e como a Carris é ressarcida);

O pre­texto

A justificar estas medidas, o CA e os sucessivos governos têm usado «o estafado e falso argumento das dificuldades financeiras e da perda de passageiros», omitindo embora que, «conforme reconhece o Tribunal de Contas, têm sido os governos os responsáveis, ao não cumprirem com as suas obrigações no que respeita às indemnizações compensatórias», e que «os cortes efectuados na oferta só podem ter como consequência a quebra do número de passageiros transportados». Além disso, acrescenta-se no comunicado da célula, «a Carris , como as restantes empresas públicas, é fortemente espoliada na repartição das receitas que resultam da venda dos passes sociais intermodais, a favor dos privados, com particular destaque para o grupo Bar­ra­queiro ».
A administração é ainda confrontada com «a política de dois pesos e duas medidas que vigora na empresa»: «para os trabalhadores, a redução do poder compra e o ataque aos direitos», mas «para os administradores (que continuam a ser os mesmos 5, como quando a Carris tinha mais de oito mil trabalhadores) e os responsáveis pelas unidades de negócio, as mordomias e vencimentos que não são do conhecimento geral».





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